sábado, junho 30, 2007

BlogoNews No Comment VIII - Miss Opa 2007


O JURI ANUNCIA:

Concorrente Nº1: Miss BCP-BPI
Concorrente Nº2: Miss SONAE - PT
Concorrente Nº3: Miss Berardo - SLB
Conccorrente Nº4: Miss Estupidez & Despotismo - Portugal

O JURI DELIBERA:

(...)

O JURI COMUNICA:

Dado o Sucesso estrondoso dos seus argumentos reais, a Concorrente Nº4 é a grande vencedora deste concurso, tornando-se, até ver, Miss Opa Vitalícia 2007 e Além; Exactamente pelos mesmos motivos de adesão e maioria, este Juri, devidamente vigiado e orientado pela Grande Entidade Reguladora dos Mercados e Concursos de Beleza Económico-Social, aconselha fortemente (isto é, obriga a) a imediata aquisição potestativa das restantes (e poucas) mentes livres e inteligentes deste belo país, de modo a harmonizar pela homogenização.

A todos e à Vencedora em particular, o Juri aufere os seus Parabéns e desejos de muito Sucesso.

Fim de Sessão.

sexta-feira, junho 29, 2007

Este São Tomé que Vos Fala - Terceira Sessão: As Mudanças

«Hoje - explicou-me o meu amigo quando veio a minha casa - estou de mudanças: Ando a mudar-me da direita para a esquerda do Pai por mera conveniência política. Noutros tempos era no próprio colo do Senhor que eu me sentava (um pouco ao jeito do que o Márinho fez com aquela tartaruga!) , mas o velho já não está para cantigas. O que comprovo destas mudanças de lado, é que, quer na núvem da direita quer na outra da esquerda, me vejo mal instalado. E isto de mudar a tralha e a camisa com o mudar constante de uma e outra ideologia, é uma estafa! Não tivesse eu um importante papel a cumprir, e descia lá do alto onde estou, para viver calmamente entre o comum dos mortais... E, no entanto, vendo bem, isto por aqui anda tão miserável!
Aliás, essa miséria vê-se bem no que comemos! - eu protestei, mas Tomé logo me fez ver a razão - Como podes tu contrariar-me quando este chá é quase um copo de água? E que dizer dessas bolachas, de há uma semana, sem açucar nem sal? E desse pão ressequido? E dessa manteiga com sabor a ranço? É isto que se oferece a um santo?! Pouca vergonha!»
Tentei explicar ao meu amigo que era difícil ter boas coisas em casa quando se tenta viver apenas do seu trabalho honesto. Desta vez o meu Tomé zangou-se a sério: «E julgas tu que eu não sei? Eu tenho dois mil anos! Quem pensas tu que ensinas?! Porque achas tu que há mais de dois milénios eu ando de núvem em núvem, sempre a trocar de camisa, com a tralha toda atrás das costas e a decorar novas frases de ordem, novas ideologias? Para aconchegar a asa ao Criador? Para lhe ver as vestes remendadas? Para apreciar a paisagem de um e de outro lado do Céu? Não! Eu sigo o curso das estrelas, vejo os sinais dos tempos, adequo o meu ânimo descrente à crença de cada tempestade! É por isso que a minha vida é um conforto! Francamente! Um calmeirão desse tamanho e ainda não aprendeste! Ora deixa lá que tu assim vais longe! Vê mas é se tens juízo, em vez de andares com ideias, e se começas a transmitir às gentes deste mundo que o sensato na vida é mandriar e estar apenas atento a quem se vai sentando n'A Cadeira para lhe engraxar as botinhas, lhe ajeitar o colarinho, lhe pentear o cabelo, mudar a côr da camisa para aquela côr que ele veste, e estar na direita ou na esquerda ao sabor das correntes! Entendeste?! Olha o paspalho! Eu venho aqui comer para o educar, e o inútil a largar postas de pescada! Quem lhe desse com o peixe nas ventas!». E assim foi: do assombro do nada surgiu uma pescada e, num golpe digno de um lutador de sumo, o sacana do santo vai de me dar com a maldita pescada na vista, e de tal modo, que ainda conservo um olho negro! Confesso, irmãos, que me doeu mais o coração do golpe do que o olho inflamado que ainda me assusta no espelho. Quase chorei, emudeci arrasado. O meu amigo, pensei, o meu próprio amigo, a atentar-me deste modo ao olho?! É pungente... Mas com Tomé é comum: o seu método de ensino reside no choque. Se por choque se entender adequado eu ser espancado até à exaustão, será então essa a medida a tomar. Para o meu santo é importante a disciplina e é evidente que qualquer disciplina exige sacrifício. De facto, agora, ao longe, reparo que um ou outro espancamento ocasional nos dá certa clarividência. É espantoso! Senão, veja-se o exemplo: Estou em casa, sozinho, depois de ele ter já ido embora, amuado e bruto, e acendo a televisão para espairecer. Como um poltergeist enclausurado, surgem-me de lá, horrorosas, a voz e a figura do Sócrates, esse ministro que temos por estranho hábito designar por primeiro. Ele fala. Ele explica. Ele desenvolve. E eu reconheço nele, por força da lição do meu santo, um colossal ascetismo: tantas vezes vimos este herói da boa vontade e da perseverança mudar de camisa! Tantas vezes o vimos a resgatar da poeira antiga (ou da Futura!, anacronismo excelente!) novas, remendadas, reachadas ideologias! Tantas vezes se desdisse desdizendo que dissera o que o ouvimos dizer dizendo que não diria o que disse! Tantas vezes nos falou em levantar Portugal! E de todas essas vezes o que ele afinal fazia era caminhar da direita para a esquerda do Pai (cujo nome real é Despotismo), passear de núvem em núvem, de mentira em mentira, para nos dar a entender (oh!, Sublime!, também tu és santo!) um novo ideal de Homem... Agora pergunto: Teria eu entendido este ascetismo se não tivesse Tomé tido a bondade de me aplicar aquele bofetão?
Esta é, irmão, portanto, a lição de hoje:
A disciplina é tudo. A gentileza é uma coisa bonita, mas, de quando em quando, todo o Homem precisa de um golpe. A Humanidade dorme e tu, mais iluminado, tens de fazer por acordá-la. Não te restrinjas, não te coíbas: Vai pelo Mundo e Age. Sê verdadeiramente Cristão:
Espanca e Educa. Amen.

quinta-feira, junho 28, 2007

Irra, que é demais!

Directora de Centro de Saúde de Vieira do Minho demitida por "quebrar dever de lealdade"

28.06.2007 - 19h53 Lusa

In Público:

«A Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) disse hoje que a directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, Maria Celeste Cardoso, foi demitida porque "quebrou o dever de lealdade" com o ministro da Saúde.
A directora do centro de saúde foi exonerada pelo ministro Correia de Campos, sob proposta da Sub-região de Saúde de Braga, por não ter retirado das instalações do centro um cartaz contendo declarações do ministro Correia de Campos "em termos jocosos". O assessor de imprensa da ARS-N, Antonino Leite, indicou que "foi rejeitada qualquer comparação" com o caso da suspensão de funções na Direcção Regional de Educação do Norte do professor Fernando Charrua. "Não se pode colar um caso ao outro. Aqui há um caso de violação de um dever de lealdade", disse o responsável.O assessor reconheceu que não foi Maria Celeste Cardoso quem colocou ou mandar colocar o cartaz de que o ministro não gostou. "Mas a directora tinha a obrigação de averiguar quem o colocou e o motivo por que o fez num espaço onde se prestam cuidados de saúde. Também deveria dar conhecimento dessa diligência à hierarquia", sublinhou Antonino Leite.O responsável acrescentou que "conhecedor da situação, o ministro destituiu-a por entender que estava a ser violado dever de lealdade com quem a colocou no cargo".»

Porque o Gume se cansou do despotismo, porque o Gume começa a ficar com as narinas a esfumaçar enxofre com a fúria que lhe anda a subir às ventas ao assistir a tamanha colecção de barbáries por parte da inclassificável parafernália de cavalgaduras governamentais, a mensagem de hoje é extremamente pictórica:



Obrigado Luiz Pacheco!
Cavalgaduras! - Bem hajam!

quarta-feira, junho 27, 2007

Portugal Pelos Marretas, Portugal Pelas Marrecas...

- Sabes, ouvi dizer que saiu hoje o "Livro Branco"...
- Sim, parece que foi aprovado...
- O Ministro veio avisar sobre o desemprego... Pode subir...
- Sim, parece que pode...
- Talvez até a riqueza desça...
- Sim, talvez... Mas é só para alguns...
- Sim, claro, só para alguns...
- E que disse mais o Ministro?
- Veio também dizer que sará precisa maior flexibilidade...
- Maior flexibilidade?
- Sim. Para empresários e colaboradores...
- Como assim?
- Bem, parece que os de baixo vão ter de se baixar mais um pouco para preservar os empregos, e os de cima, por causa da distância, e para evitarem os gritos, vão ter de se baixar um pouco mais para se fazerem ouvir...
- Caramba! Com a breca! Em qualquer dos casos, que grande jogo de espinha!
- E há mais...
- Então?
- Consta que vêm mais facilitadas as regras de dispensação. Há uma medida extraordinária contra a burocracia: Simplificam-se os trâmites do despedimento.
- Isso quase que parece bom...
- Sim, quase... Não fosse ser tão precário podia ser uma medida extraordinária... Há no entanto apenas um ponto que eu considero realmente curioso...
- Qual?
- Porque não se aplicam as vantagens desse "Livro Branco" na Educação, na Justiça, na Saúde? Parece-me um pouco facciosa e restritiva esta nova Lei Laboral que está mesmo quase para sair...
- Não te preocupes. Tenho a certeza de que está tudo a ser tratado. As coisas avançam já nesse sentido. Acabei de mandar um sms aos meus sindicatos: CGTPÊ e UGTÊ, e eles já me tranquilizaram.
- Então, sempre vão conseguir impedir o avanço da Lei? Corrigir alguma coisa?!
- Não. Mas garantiram-me que já entrou em vigor nas suas leis internas o Novo Código de Trabalho antes mesmo de ser apresentado oficialmente.
- Entrou em vigor? Que queres dizer com isso?
- Que, pelo menos nos Sidicatos, que se têm vindo a modernizar a grande ritmo, a decisão da comissão deliberadora já está a ser tomada e já teve, inclusivé, aplicação prática...
- Aplicação prática? Que aplicação? Porquê? Como? Onde está isso registado?
- Bom, a aplicação é um despedimento. Incapazes de se oporem ao sistema, cada vez mais os Sindicatos fazem por se juntar a ele... Quanto ao como... soube tudo por tradição oral... Infelizmente a actualização não pôde ser registada por terem despedido, precisamente, o notário...

terça-feira, junho 26, 2007

Highlights, FlashInterview - Reminiscências na CML - Foste David, Eu Golias...

- Então Doutor Carmona, que queda esta desde que se fez Presidente da Câmara desta Cidade! Que foi que lhe aconteceu?

- Olhe, minha senhora... Sinceramente, não percebo... Eu não compreendo... Não percebo... Ele é um anão, quer-se dizer! É um anãozinho, um insignificante! Não percebo! Que posso eu dizer-lhe? Sei lá! Não percebo! Olhe, só sei isto: Fui traído! Fui abalroado! Agora percebo o Santana: Nada é o que parece ser. O que julgamos ser uma formiga, dá-nos patadas de elefante! É um assombro! É uma verognha! É uma tristeza! Lisboa, minha senhora, Lisboa, esta bonita e tão descurada cidade, e não por mim, minha senhora, não por mim, anda cheia de facadas nas costas...
*Foto elefante Reuters apud Publico.

segunda-feira, junho 25, 2007

BlogoNews No Comment VII - Reminiscências - A Crise da Natalidade Finalmente Explicada...

domingo, junho 24, 2007

BlogoNews No Comment VI - Reminiscências - O Burguês Sonha Acordado...


sábado, junho 23, 2007

BlogoNews No Comment V: AeroTorto...

sexta-feira, junho 22, 2007

Este São Tomé que Vos Fala - Segunda Sessão - Aviso às Populações

Pediu-me, irmãos, Tomé, que publicasse
As actas das nossas reuniões,
Para que cada um de vós achasse
Nelas resposta às vossas orações.

Porque eu sou nobre e sério e diligente,
Porque eu só sinto gozo em ajudar,
Publico neste blog inconsequente
Tudo o que o meu santinho me ditar.

Assim se anuncia que: às Sextas,
O meu Tomé irá falar ao Mundo
Já prometendo: «A mim ninguém me cala!»

Ele cospe a verdade pelas beiças!
Ele descobre as fuças do Imundo!
Ouvi, irmãos, o santo que vos Fala!


24/03/06

quinta-feira, junho 21, 2007

O Gume Vai à Faca... Da Psicanálise I

- Sr. Dr. Freudo, tenho andado em baixo de auto-estima. Tenho-me sentido pequenino. Sei que muita gente não gosta de mim...
- Ora, Gume, deixe-se disso! Quem não o aprecia não tem ponta de bom gosto!
- Acha, Dr.? Ninguém me lê!
- Se eu acho?! Não tenho dúvidas! Quem não o lê é burro! Quem não o lê é analfabeto! Quem não o lê é parvo!
- Nesse caso, Dr., talvez seja melhor deixar de escrever em português... Acabou de falar de quase 10.000.000 de pessoas!
- Não é má ideia... Não é nada má ideia... Em inglês... É isso! Internacionalize-se! Mas, ainda assim, uma coisa, caro Gume... Eu vou mais longe! Eu hoje estou em brasa! Eu vou mais longe! Isto é um sintoma psicanaliticamente claro de uma nação inteira! Quem não o lê, caro Gume, quem não gosta de si... não pode ter amor-próprio!

BlogoNews No Comment IV - Visita a PorcusCalle

DEDICADO AO PORTUGAL PROFUNDO (www.doportugalprofundo.blogspot.com):





Por favor, processe-me Sr. Eng.(?)! O Gume quer rir-se às gargalhadas!!!

BlogoNews No Comment III - Novo Fenómeno: The New Wave Piggy Dancer

O GOVERNO CANTA BEM
E É SÓ ISTO QUE VOS RESTA:
SE ELE CANTA, VOCÊS DANCEM,
MESMO SE A HORA É FUNESTA!



quarta-feira, junho 20, 2007

Do Virtual ao Espelho

«Vidas paralelas*Elas as há mais públicas que outras. As vidas paralelas que um gajo vive no outro mundo, o virtual. Ele é os MIRCs, os fóruns, o MSN, o Hi5, e seus semelhantes, os blogs, o Hattrick e o Second Life. Umas acessíveis a toda a gente e por isso mais públicas e outras só para alguns e por isso mais intimistas. E muitas vezes mais até do que com os próprios amigos, os desta vida. Como estas espécies de comunidades deve haver muitas mais que assim de repente não estou a ver. São horas e horas passadas na net. Eles os há Orkuts e semelhantes que se não são para manter relações virtuais são para recuperar relações passadas. Não sei se querer revisitar o passado não será pior... Também não sei se a Internet é - neste caso concreto, naturalmente... - como os correios, que aproximam as pessoas, ou se pelo contrário as afasta da realidade e as aproxima do outro mundo, o virtual, sem grandes contactos físicos, sem obrigações que não a de estar online todos os dias e portanto sem grande sofrimento. Ainda que se sintam as coisas da mesma maneira - caneco, sempre é gente que está do outro lado do teclado - até se amua e tudo mas quando um gajo não quer mais, desaparece e pronto. Felizmente para alguns é, como a roupa em excesso, o iPod ou o ginásio, apenas um complemento de uma vida real, esta sim com confrontos directos. Sem intervalo, advertências ou cartões. E muito menos tempo extra. É bem pior, é todo tempo do mundo. Mesmo que não nos apeteça.Uma pessoa normal, que não viva enfiada numa redoma, leva uns chapadões pla vida fora, faz parte. Uns mais puxados atrás do que outros mas vai levando. Eles os há que se aguentam melhor à bronca. Outros pior. E são estes últimos que, digo eu, se agarram mais a vidas paralelas. Porque um gajo cansa-se de levar na tromba e deixa de estar para isso. Também os há tímidos, complexados com a própria imagem, sem grande coisa a que se agarrar nesta vida e por aí fora. E vive-se mesmo de e para uma e outra vida paralela. Porque não se tem uma vida cá fora mas também não se está sozinho. Há alguém do outro lado do teclado, que pode estar do outro lado do mundo ou ali na Bica, que nos ouve, lê e fala connsco. Ali, no outro mundo, há sempre alguém disponível, o que nem sempre acontece com os mais chegados, porque a vidinha é assim mesmo. E um gajo cai em si no dia em que alguém fica 3 ou 4 dias, uma semana ou 15 dias, sem aparecer e não dá para passar lá por casa a ver se há luz.A porra, para alguns, é que por enquanto um gajo vive obrigatoriamente num mundo real e, se não quiser comido vivo, é bom que saia da toca de vez em quando.E infelizmente, para os mesmos, é que o mundo virtual é nos muito próximo mas não nos chega a tocar. E um gajo às vezes precisa mesmo e só de um ombro.

*Revisto e ampliado»

Ascrupulosamente surripiado ao Eça é que Hesse (http://www.ecaequeeessa.blogspot.com/) - Isa perdoa-me!

Parece que o shakespereano «we are such stuff as dreams are made on, and our little life is rounded with a sleep» «The T.», Act IV, Scene I, vs. 156-8, de Prospero, no final d'A Tempestade, se transformou hoje em dia em algo como: «As nossas pequenas vidas estão envolvidas num sono, tecido pelos cabos de mil computadores, que nos disfarçam as frustrações quotidianas e nos transformam a realidadde num sonho...» Gregor, Gregor, onde estás? Olhei-me e vi-me um insecto horrível! Já viste o que o Progresso fez de mim??!!

terça-feira, junho 19, 2007

BlogoNews No Comment II - Reminiscências - Viagem Na Saúde em Portugal: O Segredo do Halibut

segunda-feira, junho 18, 2007

OP'r'A Isto! - Sob Escuta I

J.: Tou, Luís? Luís? Sim, Luís, pá, sou eu pá! Epá, ò Luís, pá, tive uma ideia brilhante, pá!
L.: Joe? Joe? Isto é má altura, agora, Joe! Agora estou aqui a meio de uma patuscada de lagostim, pá! Não podes ligar mais tarde, pá?! Agora tenho aqui a malta toda, pá! A minha mulher, o Eusébio, o Simãozinho, o Rui, o Engenheiro do Penta, até o chato do Vilarinho está cá, pá! Estamos a festejar o fantástico terceiro lugar do maior clube português, pá! Que foi um milagre, pá, com o que jogámos, um milagre!
J.: Epá, é isso pá! Eu também houve aí uma altura que estava a ver que o Braga e o Paços de Ferreira nos iam passar a perna, pá, foi constrangedor!
L.: Nem me lembres, pa! Nem me lembres! Não venhas cá estragar-me a digestão, pá!
J.: Epá, ò Luís, pá, é que é mesmo por causa disso, pá! Eu tenho aqui uma ideiazinha, pá!, que, bem..., nem te conto!
L.: Vá, pá, desembucha de vez, pá!
J.: Bem, sabes, as acções do SLB...
L.: Mas olha lá, ò Joe! Tu queres arruinar-me o lagostim! As acções a descerem a pique 40 e tal por cento ãh?, anda alguém aí a prejudicar intencionalmente de forma voluntariamente propositada, ãh, a grande instituição que é o Spór Lisboa e Benfica, ãh?, e tu, pá, ãh?, e tu a arruinares-me o lagostim? Ãh?! Mas tu mudaste-te para o FCP? Ãh? Viraste a casaca Joe?!!
J.: Épá, não é nada disso pá! É mesmo por causa disso, pá! É que eu tive uma ideia de génio, pá! Como tu sabes eu sou pôdre...
L.: Sim, pá, eu sei isso, Joe... Isso é mais um motivo para não me arruinares o lagostim!
J.: De rico, pá! Pôdre de rico, pá! Eu sou o maior bilionário do Mundo... português, depois do Bill Gates e do Belmiro, pá! Vá, e do tio Adalberto... E então, pá, agora com esta mania das OPAs com que o pessoal está a ficar pá, tive esta ideia, pá: Porque não, pá, ãh?, porque não OPAr também eu o glorioso SLB? Ãh, pá?!
L.: Mas, ò Joe... tu desculpa lá a pergunta, pá! Mas tu estiveste a fumar com o Adalberto, pá?! Foste outra vez para a Folia com o Grande Pai Madeirense? Estás grogue?! Ãh, pá?
J.: Não pá! Não estás a ver a cena, pá! Eu OPO o Glorioso, pá, e as acções que agora estão a pique para baixo, vão - zumba!, para cima, só por causa da especulação, pá! Vai ser alí sempre a galopar à grande! E as outras SADs vai de amochar com a pujança benfiquista, pá! Estás a ver a jogada?
L.: Eh, lá, ò Joe! Tu estiveste a fumar, mas a droga era boa! Conta lá mais disso!
J.: Epá, a ideia é simples, pá: Eu vai de anunciar, assim à grande, à paxá de feira, uma OPAzinha ao SLB. As acções que andam zuca, zuca, a murchar, a murchar, passam a andar zupa!, zupa! a arrepiar que nem umas malucas. Eu prevejo por volta de uns 56% de valorização na Bolsa - Sobre isto consultei, inclusivé, o Grande Professor Caramba!, que, em troca de um Mercedes e duas brasileiras me deu toda a razão e me confirmou que era isso mesmo que confirmavam as estrelas - portanto, tudo bate certo, pá! Proponho a OPA lá para os 60% para a CMVM vir dizer que não pode ser muito bem os 60, que tenho de te OPAr para os 100%...
L.: Opá, OPAr-me a mim, não, pá! Ao Glorioso ainda vá, pá!, mas a mim não, pá!, ãh?, a mim não pá!
J.: Epá, não era isso que eu queria dizer, pá!, claro pá, era o Glorioso, pá, está claro, pá! Mas, pronto, pá, como eu dizia, pá, então... enquanto andamos nesta dança, e vocês fazem a reuniãozinha geral de emergência para de emergência decidirem que não vendem, e a CMVM reúne de urgência para nos mandar OPAr a 100% ou provar que temos justificações para os 60, e nós reunimos de urgência para deliberar se conseguimos justificar os 60 ou OPAmos a 100 ou não OPAmos porque é muita areia para a nossa camioneta madeirense, o Benfica anda nas bocas do Mundo, pá, estás a ver, os Media não nos largam, mandamos assim em Conferência de Imprensa umas postas de pesacada, pá, estás a ver, pá, e as acções, entre descer um bocadinho e subir um bocadão vão andar aí arribar que é uma beleza! Ãh? Que tal, ò Luís, ãh? Que tal, pá?!
L.: Épá, ò Joe, pá, agora é que te esmeraste, pá!...
J.: E não é só isso, pá! O melhor ainda vem aí, pá! O melhor nem é eu poder mostrar ao Cont'nent que sou pôdre de rico, pá! Nem poder disparatar para a Imprensa que o Benfica é o melhor Clube do Mundo! Nem sequer é, pá, valorizarmos essas moribundas acções do Benfica que estavam a afundar por incompetência financeira! O melhor, pá, o mais genial desta minha ideia brilhante, pá!, é que, com isto, pá, a malta lixa o Vilavinho com uma limpeza que é de artista, pá! Com uma limpeza, eh lá! cuidado!, pá! Estás a ver, pá?! Ãh?! Estás a ver, ò Luís?! O maior accionista, com isto, semi-caput! Estás a ver, pá! Não é de génio???? Ãh, ãh, ãh?
L.: Maluco! Assim é que é! Que nem ginjas, pá! Só por causa disso, pá, estás convidado para as sobras do lagostim, pá! Isso é que foi animares-me a digestão! Quando queres, Joe, és um copincha pá! Bem haja, pá! Bem haja! Traz para cá esses ossos mal tu possas, pá!, e faz lá isso da OPA! Eu logo faço daqui as minhas jogadas, pá! Abração grande, ãh?, pá!
J.: Assim é que é falar, ò Luís! Grande abraço! E espera por amanhã! Que grande dia!

AQUI O GUME PERDEU A LIGAÇÃO...

O Gume acrescenta, a título de curiosidade científica, que o lagostim é um excelente comedor de algas. Portanto, se tiver excesso de algas lá em casa...

E foi a dica da semana...

Deslumbramentos - O Gume Experimenta a Poesia V

Ah! Senhora, que chama me consome!
Como me alucino em convulsões!
É esse olhar, esse gesto, o sobrenome
Bordado nesses míticos brasões.

Não como. Não durmo. Não reajo.
Apodreço-me nas mesas dos cafés
A admirá-la, de longe, acorbadado
Envolta em lacaios, de librés...

Como os invejo! Bastar-me-ia tocar a vossa capa,
Seguir-vos fiel por toda a parte,
Como um vosso adorno, como um louco! –

Se amor é um fogo e cruel mata,
Então, grave mulher, de assim amar-te,
Não devia já de estar eu morto?

Lisboa, 14/10/94 – 14/03/98

P.S.: Odete, cara Odete,
Essa dama da Côrte que, por vezes, você veste,
Ainda que exaure sempre um'aura comunista,
Arrepia-me a pele de fundo entusiasmo!
Mesmo que, por norma, você seja uma peste,
Com uma tendência 'stranha para teatro e revista,
É o remédio perfeito p'r'ó marasmo...
É por isso qu'eu, sem ponta de talento,
Apenas por respeito e admiração,
Vos dedico (Odete, vem de dentro!),
O meu Deslumbramentos - simples composição...
Pode desdenhá-la, armar um pé de vento...
Mas foi pensada com o coração...

sábado, junho 16, 2007

Grande Entrevista "à La Revista" - Emissão I

Jud. de S.: Boa noite, hoje temos connosco o Dr. Paulo Portas que vem falar-nos do que considera ser uma situação muito grave da Democracia Portuguesa. Boa noite, Dr. Paulo Portas...
P.P.: Boa noite Judite...
Jud. de S.: Explique-nos então o caso, Dr. ...
P.P.: Bom, Judite, o caso é gravíssimo. Como você bem disse, trata-se de um ataque profundo à Democracia Portuguesa...
Jud. de S.: Perdão, Dr. Portas, o que eu disse...
P.P.: Precisamente. Disse-o e disse-o muito bem. O que...
Jud. de S.: Mas...
P.P.: Evidentemente. Tem toda a razão. E o que me mais me preocupa nesta situação é o que este ataque particular ao meu partido, símbolo primeiro da Democracia Nacional, representa de nocivo para todo o português por quem sempre fiz tudo o que estava ao meu alcance, desde jornalista a professor; de professor a deputado; de deputado a líder partidário; de líder partidário a Ministro; de Ministro a pessoa risível, para defender e proteger. Se me dá licença, Judite, adianto-lhe desde já que me considero, nesse aspecto, o Zorro de Portugal...
Jud. de S.: Mas explique-me, por favor, Dr. Paulo Portas, e aos blogospectadores lá em casa em particular, de que se trata esse ataque...
P.P.: Com certeza que explico Judite. E com provas. Vim preparado com provas, para lhe mostrar, e aos blogospectadores, por A mais B, como há organizada uma Cabala contra a digna instituição democrática que eu tenho a honra de liderar e representar que é o CDS-PP.
Jud. de S.: Que tipo de Cabala, Dr.?
P.P.: Bom, é uma Cabala que é muito simples, Judite, muito simples e extremamente complexa, que é uma Cabala de interesses que andam a engendrar para nos prejudicar e que diz particularmente respeito áquela situação do endividamento contraído alegadamente indevidamente mais ou menos generalizado dos partidos políticos, ou não é bem um endividamento, vá, mas mais um branqueamento, por assim dizer, um branqueamento ligeiro, vá um alegado ligeiro branquemento de capitais, vá falcatruamento, assim é que é, em relação às contas de 2004.
Jud. de S.: Notícia já devidamente blogonoticiada pelo Gume a 5 de Junho de 2007...
P.P.: Exactamente, Judite, é mesmo isso... Ora, o vergonhoso desta situação é que isso é tudo uma grande mentira, pelo menos no que respeita ao meu partido...
Jud. de S.: Como assim, Dr.?
P.P.: Pelo seguinte motivo, Judite: O CDS-PP, em 2004, altura aliás em que era eu o seu líder, apresentou todas as suas contas sem qualquer tipo de incompletude ou irregularidade, e, repare, eu tenho aqui as provas, ora, dê-me só um instante... portanto... ora, isto não é que é a receita do médico... também não, o ticket do parque de estacionamento... não é isto, talão do clube de vídeo... isto também não é, o recibo da Almedina... não, a conta do restaurante... não, não, bilhete de cinema, talão da lavandaria... ora,... cá está!... Não, isto é o discurso para o meu irmão - nós vamos convergindo as nossas divergências por vermos que a magia da política é reduzir de sobremaneira as diferenças entre a quase-extrema-direita e a quase-extrema-esquerda -... olhe, não, está difícil Judite, mas bom, a prova, como vê, está visível aqui nestes papéis, e toda a gente lá em casa pôde comprová-lo sem dificuldades. E era precisamente isto que eu lhe queria mostrar a si e aos blogoespectadores, e aos Tribunais deste país e à Comunidade Internacional: Que, como acabei de mostrar, estamos a ser intimidados com o propósito maléfico e anti-democrático de arruinar a imagem deste partido indispensável à evolução da sociedade portuguesa e o seu líder, em particular, que sou eu...
Jud. de S.: Bom, não chegámos bem a ver as provas, Dr. Port...
P.P.: Não chegaram bem? Não chegaram bem?! Oh Judite, francamente, não me diga que também está metida na Cabala! O Gume também está metido na Cabala? Isso é que não Judite! Então não viu os papéis?!
Jud. de S.: Não claro!, de maneira nenhuma! E sim, vi os papéis, mas...
P.P.: Ah!, óptimo! Por momentos assustou-me! Está então tudo provado, como vê! Estamos inocentes e a ser perseguidos e intimidados! E eu tenho aqui, veja, eu trouxe comigo, a prova da Cabala, que já tiveram, inclusivé, o descaramento de editar! Esta gente, Judite, nem sequer tenta esconder-se! Ora leia, ora leia!:


Viu bem?
Jud. de S.: Realmente, pode ser suspeito... E o Dr. está de facto a parecer-me um pouco assustadiço. Sente-se mesmo intimidado?
P.P.: Pois naturalmente que sim, Judite! Numa situação destas?! Claro que sim! A Judite sabe, ãh?, a Judite sabe que apanhámos 3 indivíduos suspeitos a cirandar a nossa Sede ontem à noite? Ãh? Sabe? E eu tenho aqui fotografias! Ora repare: ... ora esta não que é da minha irmã com 14 anos numa passagem de modelos... esta sou eu em Ibiza, por acaso aqui o bronze ficou bem... mas não, também não é esta... ora... um pôr do sol em Cascais... o meu canapé na Assembleia da República... o protótipo do mig29 que guardei para expôr na minha sala de quando fui Ministro da Defesa... o Piloto, o cão de um bom amigo... as minhas meias brancas de verão, para a praia... não, bom não é nada disto... mas estão aqui entre estas fotografias e são mais uma prova gritante, como vê, do que estou a dizer. Porque nós, Judite, não estamos a brincar, e temos tudo registado. Nós, no CDS-PP (PP de Paulo Portas, naturalmente), trabalhamos por Portugal, e não brincamos. E como acabou de testemunhar, temos tudo registado... E já nos lançaram mastins, e mandaram cartas anónimas a ameaçar as nossas famílias, eu, em particular, recebi isto, por exemplo, olhe, olhe!:


e disseram-nos que ainda nos obrigavam a ir ao Big Brother com a Cinha Jardim, a Lili Caneças, o João Baião, o Canto e Castro, o Castelo Branco, a Catarina Furtado, a Teresa Guilherme, o Manuel Luís Goucha e a Manuela Moura Guedes! Se isto não é intimidação, então desculpe, Judite, não sei o que possa ser...
Jud. de S.: Bom, realmente o último exemplo, a ser verdade... E que medidas tomou?
P.P.: Olhe, não sei, de tudo um pouco. É claro que isto é um caso de polícia. Já particpei o caso às autoridades, claro está. Mas confesso-me, quero dizer, confesso-lhe, perdão, que, por agora, sinto-me assim pequenino!:



Jud. de S.: Caramba! Isso é realmente muito pequeno! Mas o Dr. Paulo, sentir-se assim, logo o Dr., que tem um ego deste tamanhão!!!:


P.P.: Ora aí está Judite! Só me ajuda! Está precisamente a provar o que lhe digo! Para eu que tenho um ego assim:


Estar a sentir-me assim:

Imagine!
Jud. de S.: Realmente deve ser muito complicado... E a acusação que lhe apresentam consiste mais especificamente em quê?
P.P.: Olhe Judite, vou ler-lhe mesmo a notícia do Público: Cá está: «T6, vista p'r'ó mar, bons acabamentos, bonitas assoalhadas...»... Não, desculpe, este é o «Regiões.».. Só um instante... Ah!: «Usado, como novo, Jaguar impecável, azul metalizado, 75 cavalos, pneus a estrear, uma pexinxa...»... Também não é este, desculpe, este é o «Ocasião»... Mais um instante...: « Miguel Veloso seduzido pela Premier Ligue...»... Não, o «Record»... Ah, sim, agora é que é!: «(...)uma campanha de "intimidação" as notícias de alegadas irregularidades nos donativos ao partido(...)». Está a ver? Isto é uma notícia do jornal «Público» de hoje dia 16, e, como pôde ver pelo que eu li (o resto não interessa) a frase não foi retirada do contexto em que se encontrava. Isto vem mostrar que até os jornalistas do Público perceberam que se trata de uma intimidação que as nossas irregularidades são alegadas, que não existem! Trouxe inclusivé, para lho mostrar com todo o rigor, as contas do partido de agora e de 2004 e de antes disso - o que está riscado é o que não interessa, - para que veja, Judite, o descalabro a que isto está a chegar... E u fiz as contas todas, como pode ver aqui neste papel rabiscado, olhe, aqui, está a ver...

Jud. de S.: Sim, bom ,não, isto está um pouco baralhado, estas contas não parecem bater certo....
P.P.: Não, não, Judite, não é nada disso, está a olhar para o rascunho... Isso fui eu a testar a prova dos nove, não é isso...
Jud. de S.: Ah estranhei... O Dr. sempre foi tão bom com númeoros... Quando era deputado apresentava com tanto rigor e sempre na ponta da língua todos aqueles dados entre o conjecturado e o deslocado da Solidariedade e Segurança Social...
P.P.: Ah, Judite!, Bons velhos tempos! Nessa altura tinha o Nobre Guedes a meu lado! Que belo apoio! Que saudades! Mas já tive os meus problemas com números... olhe o caso da Moderna... Só aqui entre nós, Judite, as contas sempre me baralharam muito... Mas bom, neste caso tenho a certeza de estar tudo bem, e também a Judite pode vê-lo. E é garantido, como mostrei a toda a gente e também o Público veio mostrar pela frase que citei ipsis verbis e que, repito, não retirei, de maneira nenhuma, de contexto, - palavra de escuteiro democrata-cristão!, - que há uma Cabala vergonhosa contra nós e por isso, sendo contra nós, contra o povo português. Mas uma coisa lhe garanto, Judite: Palavra de democrata, isto não vai ficar assim!
Jud. de S.: Muito bem, senhor blogospectador, resta-me agradecer ao Dr. Paulo Portas a sua presença e os seus esclarecimentos e a si a sua atenção e fidelidade ao Gume e ao nosso programa. Até uma próxima «Grande Entrevista "à La Revista"», boa noite, e fique bem, com...
O SEGUNDO GUME!Até sempre...

sexta-feira, junho 15, 2007

Este São Tomé que Vos Fala - Primeira Sessão - Um Paradoxo...

São Tomé foi Santo porque negou Cristo para além das evidências, e não por não ter acreditado nas chagas. De facto, é preciso ser-se superlativamente obstinado para recusar a matéria palpável. Essa obstinação é um atributo do mártir. Tomé jura, porém, que não foi o Cristo-Homem que negou mas a sua transcendência. A meu ver, isto está certo. Porque foi então que o santificaram? Ainda hoje ele se faz essa pergunta, entre o creme de beleza da manhã e o sono reparador da noite. Perguntará o blogonauta mais desconfiado e precavido como tenho eu acesso a tais informações. Poderia, legitimamente, recusar-me a revelar a fonte. Por honestidade, porém, não o faço. A verdade é que, pela hora da ceia, o amigo Tomé vem visitar-me, com um chazinho de menta e umas bolachas de cacau e mel. Empanturramo-nos os dois severamente e conversamos pelas tantas da manhã. Este São Tomé que Me Fala (como eu gosto de dizer e já publiquei em livro - pela editora Papiro, creio eu, mudando o me para vos para lhe conferir um carácter mais geral) é moderno e jovial e sabe falar sobre tudo. Tem, todavia, a tendência irritante de desembocar no cepticismo; ainda assim, não obstante tão enfadonha e triste limitação, dá gosto falar com ele. Contou-me muitos segredos do Universo e da Vida, explicando-me e demonstrando-me como era tudo mentira. Eu creio que, por vezes, o meu amigo exagera. Mas tenho de lhe dar o crédito de uma sabedoria milenar e do infalível vaticíno da experiência. Afinal, quem pode negar a primazia do empirismo sobre a metafísica? Pelo meu amigo Tomé eu soube, não sem algum constrangimento, que fui escolhido por Zeus (ou por Deus? ou por Ateus? ou...?) para liderar as ovelhinhas do globo para o abismo do Cepticismo Absoluto onde encontrarão a Salvação Eterna. A promessa, como qualquer promessa, é paradoxal e estranha. «Não faz sentido, Tomé!» - gritei-lhe eu perplexo - «Como pode ser que o abismo nos salve?». A que ele me respondeu: «Bem se vê que estás cego.» - Tomé gosta de falar por imagens e enigmas - «O Abismo do Cepticismo não é mais do que o poço fundo onde se deitam fora os fatos velhos das crenças. Não há verdades no Mundo, apenas convicções profundas. Porque tens de viver de acordo com as convicções dos outros? Pensa por ti próprio». Foi então que percebi que também Tomé era um crente, um idealista. De facto, como podemos pedir à simples ovelhinha tresmalhada que deixe de seguir o pastor e que canse muito o neuroniozinho (programado apenas para a capacidade motora) para tomar por si mesma as suas decisões? Qualquer ovelha gosta que se lhe mostre o caminho do pasto. A ovelha portuguesa, prefere até, se possível, que se lhe arranque a ervinha e se lha dê já mascada, pronta a engolir. Se engolida vier já, melhor ainda. Com que direito e feitiço se lhe há-de então exigir que escolha um rumo, que reflicta, que discuta, que construa? Foi aqui que Tomé se zangou comigo e partiu. Muitas noites, pelas sextas-feiras, ele vem ter comigo, me revela coisas sobre o Princípio, o Meio e o Fim dos Tempos e depois parte amuado com qualquer coisa feia que eu lhe digo. Poderão dizer que sou eu que sou duro. Talvez seja verdade. Mas a minha convicção mais profunda é que Tomé não acredita em si prórpio; ou talvez não seja mais que um paradoxo...

quinta-feira, junho 14, 2007

BlogoNews - No Comment I: Allgrave...

quarta-feira, junho 13, 2007

Não Me Conformo!

In Público, 13/06/07: «Apito Dourado: Pinto da Costa acusado de corrupção desportiva
O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, foi hoje acusado do crime de corrupção desportiva no âmbito das investigações do processo Apito Dourado ao jogo com o Estrela da Amadora, na época de 2004».

Eu não me conformo, amigos, simplesmente não me conformo com esta acusão ignominiosa. O Sr. Pinto da Costa nunca fez mal a ninguém. O Sr. Pinto da Costa é honesto e idóneo. O Sr. Pinto da Costa é justo. O Sr. Pinto da Costa é regrado. O Sr. Pinto da Costa é cívico. Se acaso ofereceu o que dizem que terá oferecido, e eu não acredito em boatos, nem nas provas improvadas que vêm apresentando, o Sr. Pinto da Costa só fez bem. Se fez o que dizem que fez, o Sr. Pinto da Costa distribuiu felicidade: viagens, riqueza, romenas de perna cheia, brasileiras de pele morena, francesas de peito farto, russas de mãos de fada, licores, charutos, festas privadas e públicas, boas relações camarárias em todos os sentidos do termo... Se fez o que dizem que fez (e eu, por minha fé, não acredito que o tenha feito), o Sr. Pinto da Costa foi o Pai Natal português e merecia ser referenciado como homem modelo para as criancinhas. Se fez o que dizem que fez (que não fez, por certo, estou seguro), o Sr. Pinto da Costa é um mãos largas, uma alma de ouro, um coração de manteiga... e... se fez o que dizem que fez (que não fez!, que não fez!) o senhor Pinto da Costa esteve a alimentar a gula desse povo e a mim, seu admirador mais profundo, nada deu, nunca, em tempo algum... A mim, eu, Leandro Braz Palmeirim, que tanto o quero e lhe quero bem, que tanto o estimo, que tanto o defendi, que tanto fiz por ele sem que ele o suspeitasse, que tenho as paredes das minhas águas furtadas forradas com as fotografias e recortes de jornais e revistas das suas aparições, dos seus discursos, das suas vitórias, das suas alegrias, das suas necessidades, eu, nada recebi, nem um incentivo, nem um abraço, nem um convite, nem um obrigado... E é então que me sobe uma amargura ao peito, e o amor se mostra no seu maior egoismo: Vem-me à boca o acre do insulto, às mãos sobe-me a fúria de o esganar, aos pés o incentivo do biqueiro, à mente o desejo de cumprir as maiores vilanias. E por causa desse amor que lhe tenho, nunca compensado, nem com a mais leve sombra de conforto, nunca valorizado por esse Deus absoluto do futebol português (e não só, e não só), por causa dele, desejo profundamente que esse homem inocente, esse mártir, esse santo patriarca dos mortais lusitanos (e um dia dos mortais do mundo) seja acusado pelos crimes mais soturnos e castigado do modo mais cruel, e enjaulado, e sodomizado à bruta na masmorra de Caxias pelos reclusos mais feios e selvagens. E que depois seja extraditado para as minas da Sibéria, onde trabalhará descalço e a tronco nu sobre o gelo frio daquela profundidade demoníaca. E que nunca mais possa voltar para, com a sua ingratidão insuportável, consporcar o meu coração sensível... E que entenda, como eu o peço, que entenda!, que tudo isto é feito por amor... E que, cumprido este caminho necessário para a sua santidade absoluta, o Sr. Pinto terá o meu perdão...

terça-feira, junho 12, 2007

Depois de Portugal, o Dia do SIlêncio...

In Publico, 12/06/07: Associação de Matemática foi convidada a deixar comissão após criticar ministra:

«Um comunicado da Associação de Professores de Matemática (APM) em que criticava declarações proferidas pela ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, levou o ministério a sugerir à organização o abandono da comissão de acompanhamento do Plano da Matemática.

"Pela primeira vez o país associará os resultados não apenas à performance dos alunos, mas também ao trabalho das escolas e dos professores, para o melhor e para o pior", disse a ministra a propósito dos exames nacionais do 9.º ano, no final de uma reunião de balanço do primeiro ano do Plano da Matemática, a 11 de Maio. Poucos dias depois, a APM reagia em comunicado, criticando a "ausência de sentido pedagógico" e a "leitura muito simplista e redutora do que é esse trabalho e a educação."

"No dia em que a notícia saiu no PÚBLICO, recebemos um telefonema do director-geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular [, o dr. Luís Capucha,] a dizer que deveríamos sair da comissão", conta Rita Bastos, presidente da APM. »



Os Cravos já eram. Os tanques vêm já a seguir...