quarta-feira, junho 13, 2007

Não Me Conformo!

In Público, 13/06/07: «Apito Dourado: Pinto da Costa acusado de corrupção desportiva
O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, foi hoje acusado do crime de corrupção desportiva no âmbito das investigações do processo Apito Dourado ao jogo com o Estrela da Amadora, na época de 2004».

Eu não me conformo, amigos, simplesmente não me conformo com esta acusão ignominiosa. O Sr. Pinto da Costa nunca fez mal a ninguém. O Sr. Pinto da Costa é honesto e idóneo. O Sr. Pinto da Costa é justo. O Sr. Pinto da Costa é regrado. O Sr. Pinto da Costa é cívico. Se acaso ofereceu o que dizem que terá oferecido, e eu não acredito em boatos, nem nas provas improvadas que vêm apresentando, o Sr. Pinto da Costa só fez bem. Se fez o que dizem que fez, o Sr. Pinto da Costa distribuiu felicidade: viagens, riqueza, romenas de perna cheia, brasileiras de pele morena, francesas de peito farto, russas de mãos de fada, licores, charutos, festas privadas e públicas, boas relações camarárias em todos os sentidos do termo... Se fez o que dizem que fez (e eu, por minha fé, não acredito que o tenha feito), o Sr. Pinto da Costa foi o Pai Natal português e merecia ser referenciado como homem modelo para as criancinhas. Se fez o que dizem que fez (que não fez, por certo, estou seguro), o Sr. Pinto da Costa é um mãos largas, uma alma de ouro, um coração de manteiga... e... se fez o que dizem que fez (que não fez!, que não fez!) o senhor Pinto da Costa esteve a alimentar a gula desse povo e a mim, seu admirador mais profundo, nada deu, nunca, em tempo algum... A mim, eu, Leandro Braz Palmeirim, que tanto o quero e lhe quero bem, que tanto o estimo, que tanto o defendi, que tanto fiz por ele sem que ele o suspeitasse, que tenho as paredes das minhas águas furtadas forradas com as fotografias e recortes de jornais e revistas das suas aparições, dos seus discursos, das suas vitórias, das suas alegrias, das suas necessidades, eu, nada recebi, nem um incentivo, nem um abraço, nem um convite, nem um obrigado... E é então que me sobe uma amargura ao peito, e o amor se mostra no seu maior egoismo: Vem-me à boca o acre do insulto, às mãos sobe-me a fúria de o esganar, aos pés o incentivo do biqueiro, à mente o desejo de cumprir as maiores vilanias. E por causa desse amor que lhe tenho, nunca compensado, nem com a mais leve sombra de conforto, nunca valorizado por esse Deus absoluto do futebol português (e não só, e não só), por causa dele, desejo profundamente que esse homem inocente, esse mártir, esse santo patriarca dos mortais lusitanos (e um dia dos mortais do mundo) seja acusado pelos crimes mais soturnos e castigado do modo mais cruel, e enjaulado, e sodomizado à bruta na masmorra de Caxias pelos reclusos mais feios e selvagens. E que depois seja extraditado para as minas da Sibéria, onde trabalhará descalço e a tronco nu sobre o gelo frio daquela profundidade demoníaca. E que nunca mais possa voltar para, com a sua ingratidão insuportável, consporcar o meu coração sensível... E que entenda, como eu o peço, que entenda!, que tudo isto é feito por amor... E que, cumprido este caminho necessário para a sua santidade absoluta, o Sr. Pinto terá o meu perdão...