terça-feira, junho 05, 2007

Do Relatório ao Sanatório - Grandes Males, Grandes Remédios, e Uma Pequena Homenagem...

In Diário da República, apud Público, 05/06/07:

O Tribunal Constitucional (TC) detectou "ilegalidades e irregularidades" nas contas anuais (referentes a 2004) dos partidos.~

P.S. (diligentemente acompanhado pelo PSD): «Falta de controlo interno sobre as acções das estruturas do partido ou de registo de quotas e das receitas do "produto da actividade de angariaçãoo de fundos"».

PSD: «Falta de extractos bancários e de cartões de crédito e "incertezas quanto a um saldo no montante de 3.160.713 euros, que corresponde ao valor de subsí­dios atribuídos às distritais, concelhias e secções».

CDS-PP: «Falhas ao controlo das acções desenvolvidas pelas estruturas, a falta de extractos de conta e de cartõees de crédito, listagens deficientes quanto às listas de imóveis propriedade do partido, erros - o itálico é do Gume - no depósito de donativos nas contas destinadas a esse fim, entre outros problemas» - ligeiros e por isso não dignos de grande nota, claro está...

PCP: «Não reportou a globalidade do funcionamento "corrente e promocional" das estruturas do partido, não registou todas as receitas de angariação de fundos, com a identificação e data necessários, diferenças de verbas de património, "registado a valor de mercado e não ao custo de aquisição"».

Bloco de Esquerda: «Nem todos os donativos foram depositados em contas bancárias exclusivamente destinadas ao efeito: faltou "controlo interno" das acções de todas as estruturas do partido e registaram-se diferenças entre a lista de acções de angariação de fundos e os registos contabilísticos do partido».

Parece-me claro que os membros destes partidos políticos e, subsequentemente, os nossos quase-governantes e deputados, são a face quase-visível (ainda que não na generalidade, numa proporção assustadora) da enorme taxa de insucesso escolar no ensino da Matemática. Urge por isso uma reforma substancial do ensino desta disciplina, de modo a que estes diligentes cavalheiros e estas airosas damas dos círculos partidários não mais se vejam a braços com o Papão dos Números e consigam acertar as contas. Conheço uma boa porção de bons professores de matemática que está no desemprego e pode trazer grandes melhorias à apreensão cognitiva dos números e suas peculiares vicissitudes aos nossos confusos co-cidadãos das rodas partidárias, em particular aos tesoureiros e mandões.

É também em consideração a esta conjuntura que anuncio com alegria indisfarçada que uma boa amiga, também ela matemática competente, está prestes a lançar para as poeirentas mas indispensáveis prateleiras do conhecimento humano uma tese de Mestrado cujo objecto de estudo minucioso e iluminado é, precisamente, O RACIOCÍNIO PROPORCIONAL DOS ALUNOS DO 2.º CICLO DO ENSINO BÁSICO - de Matemática, claro está.

E porquê o Ensino Básico? Porque esta minha amiga, com grande perspicácia e sentido de análise crítica (como é de esperar num bom matemático) percebeu (sem grandes dificuldades, confessou-me, aliás, num café que tomámos há uns dias na esplanada da Graça) que este teria de ser forçosamente o limite de dificuldade a considerar, tendo em conta o nível intelectual e a capacidade de compreensão e execução - a chamada relação competência-performance - dos ilustres supra-mencionados.

E, enquanto ansiosamente aguardamos por esta lufada de ar fresco na crise computacional portuguesa (que tanto tem prejudicado a tesouraria particular e geral), deixo, como remédio provisório (ao bom estilo português do desenrasca), esta solução extraordinária inspirada numa seca australiana (as fotos foram-nos gentilmente enviadas pela Reuters e por António, respectivamente à ordem de aparição):



Pode ser provisório; mas este pontapé australiano naquela apatia imberbe, parece-me a mim, é providencial. Abençoado elixir de Sanatório! E esperneia mais povo meu! Ripa na Rapaqueca da placidez geral! Estas contas até eu com a minha barriguinha, não é Perestrelo?


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