quarta-feira, março 29, 2006

Poema de Amor da Mais FIna Flor dos Poetas Modernos - O Gume Experimenta a Poesia I

Ardo.
Estou em chamas. Olha;
Olha o meu braço –
Que fogo!
Que calor, socorro,
Que padeço
Neste espaço
E não mereço
Tal fim!
O amor é pirómano.
Tu és pirómana –
Deitaste-me fogo! –
Grito: «Ah, morro!» –
E morri –
Triste fim…

(Lisboa, 03/05/99)


Post Scriptum de Análise Literária (o Vaticínio do Crítico Anódino, perdão Antónimo, quero dizer, Anónimo, isto é...):

Os poetas modernos não merecem este achincalhamento. São modernos, o que lhes permite estar de bem com o Progresso, e são poetas, o que lhes permite estar de bem com eles mesmos: o delírio que a sua poesia lhes confere torna-os capazes de suportar as maiores atrocidades, até de si próprios, e, por consequência, de obter a Paz. O facto de serem, incontestavelemente, maus poetas não deveria sujeitá-los a este vil tratamento. Veja-se a Convenção de Genebra, artigo x/y de 19xx: «Todo o homem tem direito a ser mau e, mesmo assim, ser feliz (…)»… Veja-se a História – Nero, Barroso, Bush, por exemplo…